Afinal, o que é Autoajuda?

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Nunca foi tão fácil o autodesenvolvimento. Somos todos dotados da capacidade de resolver nossas demandas e cuidar da nossa evolução. Somos capazes de aprender o que quisermos, se nos propusermos a isto com todo discernimento, amor e dedicação, assim como também somos capazes de estudar uma vida inteira e não aprender nada.


Estou observando um movimento grande contra a autoajuda. Outro dia um filósofo profissional e muito conhecido fez uma declaração, até um pouco mal-educada, neste sentido que gerou grande polêmica.


A mim não cabe avaliar se acho certo ou errado o que ele disse, pois entendo que tudo que vem à tona, vem da Consciência Divina. Partindo deste princípio entendo que o que ele disse foi válido, só que dentro do contexto que ele vive, ou seja, uma pessoa que tem todo o conhecimento acadêmico e talvez uma maior capacidade abstrata de reflexão, que a maioria não tem, e por isso, obviamente, abomina receitas prontas.


Mas a realidade é que tem sim, muita gente que precisa das receitas prontas. Tem muita gente que não pôde estudar, não pôde participar das rodas de conversas filosóficas e saraus de poesia abstrata. Não pôde cursar uma faculdade de filosofia, pedagogia, administração, ou, seja lá qual for, porque estava ocupado trabalhando para contribuir para quem estava acima na pirâmide a construir a intelectualidade no país.


É para estas pessoas, praticamente esquecidas da sociedade, que existe a autoajuda. E elas fazem um ótimo proveito disto, pois passam a acreditar mais em seu potencial, passam a entender que podem empreender, que podem ser donas da sua vida, que podem pensar em uma vida melhor para seus filhos, que podem ser mais...


Na verdade, se pensarmos bem direitinho, estas pessoas estão tendo acesso ao mesmo conhecimento que os mais cultos, só que em uma linguagem simples e de fácil entendimento. A grande questão é que talvez seja isto que incomoda. Talvez o que incomoda aos “cultos” seja o acesso da massa.


A autoajuda cumpre um papel muito válido quando ajuda pessoas simples a entenderem seu real valor na comunidade, no estado e no país. Ajuda estas pessoas a entenderem que podem se adaptar às mudanças do mundo. Ela também transmite aos menos favorecidos as pesquisas dos que estão dentro da faculdade, afinal de onde acham que se tiram a maioria dos conteúdos?


A autoajuda é o fastfashion do conhecimento. E é odiada, assim como o fastfashion é odiado pelas grandes grifes.


O fastfashion é o que proporciona com que as massas tenham acesso à informação de moda. Embora haja uma retaliação velada, é o fastfashion que faz a moda girar e com este giro as grifes podem continuar inovando e produzindo conceitos de moda. (muita coincidência rs)


Além disto, porque temos que acreditar no que nos é dito? Porque temos que aceitar as classificações feitas pelas editoras? Porque temos que comprar ou não um material em função da sua linha editorial? Entendo que temos que consumir um livro ou qualquer outra fonte de conhecimento por ele ser bom ou não. E só saberemos se ele é bom ou não depois de conhecermos seu conteúdo.


Quem disse que livros que transmitem conhecimentos em linguagem simples, e de fácil entendimento, é autoajuda foi apenas alguém (ou um grupo de pessoas) que entendeu que isto ajuda as pessoas a conhecer algum assunto ou aprender a fazer algo. É só uma classificação. Todos são livros.


Na minha humilde opinião, todos os livros deveriam ser considerados autoajuda, pois todos são destinados a ajudar alguém a aprender alguma coisa, seja técnica ou não. Para exemplificar conhecemos histórias de pessoas que conseguiram aprender inglês ou mesmo matemática sozinhos usando apenas livros doados. Se esta pessoa aprendeu uma disciplina apenas com seu esforço e com a ajuda de livros, a qual papel se prestaram estes livros?


Vivemos em um tempo de total facilidade de comunicação. Todo mundo tem ferramentas para expressar seus sentimentos, seus pensamentos e suas ações. Dentre todas estas expressões há aquelas que são ressonantes conosco e aquelas que não são. Simples assim.


Precisamos ter sabedoria para absorver aquilo que nos ajuda e, simplesmente, “soltar” aquilo que não nos serve, pois talvez aquela palavra que não serve para mim hoje, pode ser a ajuda que o outro precisava para se mexer, sair do lugar e procurar evoluir em seu caminho.


A evolução faz parte de um plano divino, qualquer um que tenha um pouco de fé em algum propósito deve concordar com isto. Portanto se a evolução do mundo faz parte do plano de Deus, talvez toda esta quantidade de informação também seja parte de um movimento para que as pessoas evoluam mais rápido também.


Talvez o que precisamos é da tranquilidade de saber que há lugar para todos e para todo tipo de comunicação no mundo. Seria bom, além disso, nos abstermos da vaidade de achar que apenas o material técnico “embasado” é capaz de ajudar, evoluir e provocar mudanças.


Sabedoria não tem nada a ver com conhecimento. Assim como há letrados que não transmitem nada, há analfabetos que nos ensinam muito.


E, se estes pudessem escrever, fariam grandes obras que seriam de grande ajuda.

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