Somos bombardeados por uma chuva de informações diariamente e uma coisa que sempre ouvimos ou lemos, principalmente dos influenciadores, é a fatídica frase “vem novidade por aí”. .
Afinal, o que é novidade?
Só para constar: novidade é a condição do que aparece, do que se apresenta pela primeira vez.
Existe uma parábola metafórica oriental que diz que Deus, ao criar o homem, fez uma brincadeira um pouco sádica. Ele sussurrou no ouvido de cada um dizendo que “você é minha melhor criação, você é especial, o restante todo é comum, mas somente você é especial. Vá e viva”.
A parte “sádica” da história é que ele fez a brincadeira com todos, ele disse isto para todos. Portanto temos uns 7 bilhões de pessoas, neste exato momento, se sentindo a mais especial de todas, mas que não podem comentar com os demais, pois os demais são comuns demais para entender o quanto ele é especial.
E assim seguimos nesta ciranda da vida na qual todos acham que somente ele é especial enquanto o resto é comum, mas o resto não é capaz de perceber sua diferencial significância.
Ocorre que hoje vivemos na era da internet, na era do instantâneo, na era da superficialidade e na era da total ausência de privacidade. Esta era é marcada pelo fato de todos saberem o que todos estão fazendo em tempo real. Entretanto, a maioria das pessoas, mesmo vendo a outra maioria de pessoas fazendo a mesma coisa ao mesmo tempo, ainda conseguem se sentir especiais.
E aí temos um tanto de pessoas “especiais” falando e fazendo coisas que todos fazem e achando que estão fazendo algo novo. Isto gera muita ansiedade. Na época em que ninguém tinha a informação as pessoas até podiam se sentir tão especiais, pois os poucos que conseguiam se sobressair de fato tinham algo novo. Contudo o algo novo oferecido por algumas pessoas podia se considerado novo apenas pelo fato de o resto do mundo não estar conectado e em dia com as informações.
O ESPECIAL NUNCA EXISTIU.
NÓS SOMOS TODOS COMUNS.
E A GRAÇA É REALMENTE ESTA.
Deveríamos parar de gerar tanta ansiedade tentando corresponder à esta impressão e desejo de sermos especiais e de provarmos isto. Deveríamos aproveitar a beleza de ser comum. O comum é belo e é belo mesmo sem se estressar, sem ter ansiedade ou sem ter que fazer nada além do comum.
Ser comum é ser livre. Ser comum é ser pleno. Ser comum é não ter que provar nada.
Ser comum é não ter que se acomodar, mas que se obtiver algum tipo de êxito, aos olhos da sociedade ou da comunidade, saber que este êxito é também um êxito comum. Tudo é comum e tudo é pleno.
Não estamos aqui para obter êxito, sucesso, mudar o mundo com nossas próprias mãos. Mas estamos aqui para mudar a nós mesmos, nos descobrirmos enquanto seres comuns muito além dos anseios desta existência material. Estamos aqui para nos transformarmos e nos livrarmos desta ansiedade que só nos faz buscar algo novo sempre, algo especial, e nesta busca inglória nunca conseguimos chegar à plaquinha do local indicado, pois ele não existe.
Estamos aqui para nos transformar e somente quanto pararmos de querer transformar os outros à nossa volta à despeito de transformarmos nós mesmos é que conseguiremos, após cada transformação individual, transformar o mundo única e definitivamente.