Sucesso, a plaquinha não existe!

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“Você vai em busca do sucesso, continua indo, vai mais um pouco e em um certo ponto percebe que não existe, em lugar nenhum, uma placa indicando que você chegou”. 

 

Li uma vez um texto de uma mulher, realmente não me lembro quem, que largou tudo no centro nervoso de São Paulo e foi com a família viver uma vida simples no campo. Ela disse uma frase que me marcou para sempre.  

 

Embora eu sempre tenha pensado assim, ler a frase de forma tão contextualizada e simples, mudou a minha vida. Este livro estava na gaveta, já com o título definido desde 2011. Ler esta frase fez com que isso se mexesse dentro de mim. Mexeu tão forte como quando a gente come aquele prato de feijão cozido na casa da mãe da gente... Mexeu tão forte que não pude controlar. 

 

O tal sucesso que era para ser motivo de prazer e realização acaba virando uma angustia na vida das pessoas, pois quando se é movido pelo desejo de realização, ao mesmo tempo em que se atinge uma meta, cria-se outra isto não tem fim. 

 

Recentemente, no Brasil, passamos por uma crise política que girou em torno de corrupção. Os noticiários chegaram a informar que foi desviado um montante que superou a marca do trilhão. Milhão já não significa mais nada. Independente do mérito da questão o que eu noto com mais veemência é que, simplesmente não tem limite, quando a pessoa pensou em desviar determinado valor, ela não pensou que poderia pegar o valor e viver com ele o resto da vida confortavelmente. Não. Adquire-se certo gosto e tranquilidade no processo, não importando a pressão, e o destino final fica totalmente em aberto.  

 

No caso do Brasil, quando se descobriu e estancou-se de certa forma, a quantidade daria para sustentar um estado inteiro durante muito tempo. Mas e na nossa vida? Se fizermos um paralelo é a mesma coisa, a plaquinha do sucesso, do destino final, fica móvel e vai se ajustando conforme a estrada vai sendo percorrida. Ela nunca é alcançada. 

 

Quando digo que isto gera ansiedade, depressão e diversos outros problemas é porque o senso comum nos empurra para esta placa inatingível. É por isto que precisamos criar marcos. Eles são importantes para que as pessoas, principalmente as ditas comuns, se encontrem e saibam que estão realizando. 

 

É da natureza humana o auto desafio. Isto ocorre desde que éramos homens das cavernas. Nossa capacidade de desenvolvimento e auto superação nos trouxe onde estamos hoje, mas esta mesma capacidade nos deixa ansiosos e desejosos por sempre realizar algo novo, algo mais. 

 

O “MAIS” infinito que é o problema. Na verdade, querer mais não é problema nenhum. O problema é não identificar os marcos alcançados, os pequenos sucessos do dia e sofrer com isto. 

 

O sofrimento é que é o problema.  

 

As pessoas têm uma tendência ao autoflagelo. De certa forma estão acostumados em causar problemas para si das formas mais variadas possíveis: 

  • Impondo metas quase impossíveis de serem alcançadas; 
  • Não definindo prazos factíveis; 
  • Não dizendo não para aquilo que não ajudará a gerar resultado; 
  • Se preocupando demais com o que as pessoas vão pensar ou falar; 
  • Tentando se enquadrar em algum modelo imposto ela sociedade; 
  • Se privando da liberdade de pensamento; 
  • Se privando da liberdade de escolha. 

 

Estas são as mais genéricas, mas se conversarmos com várias pessoas todas elas terão casos para contar que, vendo de fora, nota-se que há um autoflagelo imposto. Isto ocorre devido a uma necessidade inconsciente de se destacar. Todos querem se destacar de alguma maneira. Porém muitos, quando não conseguem de forma positiva, atingindo o pseudo sucesso, buscam o destaque da dor, o destaque do sofrimento e com isto vai caminhando infinitamente sem parar atrás da plaquinha em formato de cenoura.

 

 

Com amor,

Valéria.

 
 
 
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