A vida inteira estamos buscando.
Quando crianças buscamos aprovação dos nossos pais, carinho, proteção e amor. Não sabemos bem quais as nossas necessidades, somos entregues. Quando somos crianças os adultos são usados pela força criadora para nos dar tudo que precisamos e então a vida é doce.
Talvez a infância seja um estágio ou uma degustação do que uma vida preenchida pela força divina pode ser para nós. Uma vida sem limitações, sem necessidades não atendidas, mesmo que não saibamos o que estas necessidades realmente são.
Na infância nosso incosciente sabe se entregar à vida!
Quando adolescentes entendemos que temos as necessidades, entendemos que nossos pais são os provedores e passamos a lidar com isto de maneira diferente. Começamos a buscar nosso espaço, queremos nos impor e forçar a nossa vontade àqueles que estão a nossa volta. Aqui passamos a ACHAR QUE SABEMOS o que são nossas vontades e necessidades.
Então, depois de muito tempo nesse mar de luta interior que é a adolescência, no qual achamos que sabemos o que querermos, mas estamos mais confusos do que nunca, tomamos boa parte das decisões da nossa vida: Carreira, amor, local onde viver a vida, etc.
Na adolescência achamos que sabemos o que realmente queremos!
Partimos daí para uma incursão de 4, 5 ou até 6 anos de formação acadêmica e depois de caminhar lenta, pesada e demoradamente por esta estrada nos sentimos cada dia mais presos a ela e aos caminhos para os quais ela nos levou.
Neste momento é que chegamos à fase adulta da vida e ficamos lá por mais tempo do que em todas as fases. Enquanto o correto seria chegarmos a esta fase livres para viver e aí sim fazer as principais escolhas, chegamos cheios de destinos pré-traçados e decisões encaminhadas, algumas feitas por nós e outras feitas por aqueles que bancaram nossa vida até aqui.
Quando adultos a maioria de nós passa o tempo colhendo
os frutos do histórico da vida passada.
Mergulhamos em rotinas de responsabilidades às quais nos sentimos impelidos e nosso eu, nossas vontades, nossos desejos e principalmente nossa busca, vão ficando guardados em gavetas profundas dentro de nosso eu interior (nosso inconsciente).
Quando adultos colocamos uma areia pesada sobre aquilo que nos fazia suspirar.
Sobre os sonhos que éramos capazes de ter quando crianças e adolescentes. Soterramos àquilo que gostávamos de fazer nas nossas horas de folga das responsabilidades que nos impunham.
A infeliz grande maioria de nós se auto condena a uma vida de consequências de decisões que sequer tomou, ou sabia que estava tomando, na época anterior.
Vamos vivendo neste embalo, quase que no piloto automático, até que começamos a sentir-nos incomodados.
Em um primeiro momento ainda não sabemos o porquê
deste incomodo, mas sabemos que é uma certa infelicidade.
Embora esta infelicidade latente seja recheada de momentos felizes, pois já temos filhos, temos uma carreira da qual nos orgulhar, conseguimos ajudar as pessoas no trabalho, na casa e na vida. Mas há lá no fundo uma sensação de que há algo esquecido e abandonado.
A coisa vai evoluindo e aqui nos sentimos em uma encruzilhada com várias alternativas de caminho.
A PRIMEIRA OPÇÃO:
O PRIMEIRO caminho que se apresenta logo à frente é o do “largar tudo e partir em busca da felicidade perdida”, aqui achamos que nada está bom e que precisamos tomar uma decisão radical. Muitos tomam este caminho e começam a tentar desesperadamente reviver os momentos perdidos da adolescência. Tomam decisões inconsequentes na busca desesperada de sentir novamente aquela chama acesa, mas depois de muito se esbaldarem nas esbórnias da vida, percebem que só fizeram o vazio aumentar.
A SEGUNDA OPÇÃO:
Há aqueles que optam pelo SEGUNDO caminho, muitas vezes até por não terem a capacidade de escolha, e acabam trilhando a estrada da depressão. Quando não chegam à depressão, muitas vezes param na inércia. Sentem-se desafortunados, sofridos, sozinhos e vítimas de todas as situações da vida. São coitados por tudo ter dado errado e terem perdido a chama do brilho interior. O mundo inteiro está no banco dos réus sendo julgado a todo momento e condenado a uma culpa eterna e temas infindáveis de como tudo caminhou da forma que a pessoa não queria.
HÁ UMA TERCEIRA OPÇÃO QUE QUASE NINGUEM VÊ:
Perto desses dois caminhos largos e fáceis de serem enxergados há uma trilha, estreita, quase imperceptível e que parece difícil de caminhar. Este é o TERCEIRO caminho. Neste caminho o recém despertado tem duas opções simultâneas. A da ACEITAÇÃO, que não é conformação, e o da MUDANÇA, que não é radical, mas paulatina. O nome que está na plaquinha deste caminho é AUTOCONHECIMENTO.
Aceitação => Mudança => Autoconhecimento!
Escolhendo esta trilha a pessoa passa a ter acesso à tudo aquilo que ficou esquecido, tem tempo para processar, trabalhar as reações passadas, aceitar o que passou, perdoar àqueles que impuseram suas decisões sobre sua vida, entender que mesmo com outros impondo suas vontades houve a omissão. Depois de entender sua omissão quanto à tomada de decisões do passado é hora de perdoar todos os envolvidos, mas principalmente perdoar a si mesmo.
A etapa de aceitação é muito dolorida.
O caminho é cheio de espinhos que machucam e tiram sangue, fazem doer, reabrem cicatrizes que pensávamos estarem fechadas, mas que não estavam tão fechadas assim. É hora de tratar os ferimentos com calma, sentar-se à sombra da árvore e simplesmente se curar. A aceitação é a etapa da cura e muitas vezes é preciso tomar os remédios amargos que realmente fazem o efeito necessário.
No caminho estreito é preciso resiliência!
Quando a pessoa está trilhando este caminho e talvez não está preparada para toda esta dor, ela começa a ver trilhas que levam às estradas 01 ou 02, consideradas oficiais, mais fáceis de seguir. Muitos embarcam de volta na depressão ou na “vida loka” por não aguentarem o período necessário do tratamento interno.
Depois de muito tempo trilhando vagarosamente este caminho estreito a cura começa a acontecer.
Paramos de sentir que somos vítimas da vida e entendemos
que todas as decisões foram tomadas por nós, conscientes delas ou não.
Entendemos que aquelas decisões que deixamos de tomar ou deixamos que outros tomassem por nós também foram nossas decisões, mesmo sendo decisões por omissões.
Entramos na ACEITAÇÃO. Neste momento estamos curados. Passamos a entender que pode ser que nunca paremos de nos machucar, mas entendemos que a cura está realmente nas nossas mãos.
Aceitamos que o que aconteceu é acontecido e que
só podemos olhar o mundo daqui para a frente
fazendo o melhor que pudermos com o que temos em mãos hoje.
Neste momento é que começa a MUDANÇA. Aceitamos nossas vidas, nossas consequências, nossas causas, entendemos que estamos no controle, mesmo quando não temos a decisão em nossas mãos, pois estamos no controle de nossas reações.
Passamos a não deixar mais tudo que acontece no mundo influenciar a nossa vida. Nos tornamos mais seletivos com pessoas, coisas, situações e tudo mais.
Entendemos que esta vida é um sopro e que AGORA é melhor momento de mudar tudo e construir um novo AGORA que virá AMANHÃ.
Entendemos o valor da vida que foi emprestada a nós. Que um dia, quando passarmos da porta só de saída desta experiencia, veremos um filme passando em nossas mentes naquele exato momento.
Entenderemos tudo!
Sabemos que esta hora é imprevisível. Que ela pode ser agora ou pode demorar muito. Por isso queremos estar preparados para que, quando vermos o filme de nossas vidas, ele seja minimamente agradável de se ver.
Queremos lágrimas de emoção e queremos saber que aquele CAMINHANTE encontrou e se tornou seu próprio SALVADOR, ele virou protagonista, deu tudo de si para salvar seu mundo.
O herói do seu próprio mundo sabe que não pode desperdiçar um minuto sequer com lamúrias, lamentações e indecisões.
O herói sabe que cada momento da vida é único.
Sabe que não pode perder oportunidade alguma de construir a lágrima de emoção para quando ele mesmo for seu expectador.