Sou daquelas que aproveito qualquer momento disponível para refletir. Refletir sobre o que estamos fazendo aqui e sobre como podemos fazer esta breve existência mais significativa e prazerosa. Pois bem, em um dado dia, indo para o trabalho, dei uma pausa da leitura dos livros em áudio para ouvir músicas escolhidas aleatoriamente. Foi o momento em que senti que o universo conversou diretamente comigo.
A primeira música foi Background Noise (Mike & The Mechanics), que fala algo sobre ouvirmos o som de fundo da vida, de momentos de fazer nada, mas isto é tema para outro texto (pano pra manga...), a segunda foi Going Back (Phil Collins) e a terceira Absolute Beginners (Carla Bruni). Esta última é romântica, mas seu título veio para ratificar o insight que estava acontecendo.
Introduções à parte, vamos para o que precisamos falar. No momento cósmico que ouvia as músicas me fiz a pergunta: VOCÊ ESTÁ INDO OU ESTÁ VOLTANDO?
A resposta foi instantânea. Estou voltando!
Mas voltando pra onde?
- Voltando pra casa!
É um sentimento relativamente comum, o que temos, de que quando nós morrermos iremos para algum lugar, certo? Seja qual for a crença todos achamos que vamos para algum lugar, seja para um céu com todas as nossas maiores necessidades supridas, ou seja, para algum lugar de um total sono profundo. É quase unanime esta crença em todo o mundo.
Mas o que poucos pensam é, se vamos para algum lugar que existe, não podemos ter vindo do nada. O que quero dizer com isto? Se vamos para algum lugar na verdade estamos voltando.
Pare para pensar: se você vai morrer e vai para algum lugar, você só pode ter vindo de algum lugar também. Isto é quase matemático. E o lugar de onde viemos pode significar muito sobre o que estamos fazendo aqui agora, o lugar onde nascemos, a família que pertencemos e todo o contexto inserido. Será que não fizemos certos “acordos” quando viemos para este mundo?
Quem acredita que vamos para algum lugar fatalmente precisa acreditar que viemos de algum lugar, pois quem nasce “do nada” só pode voltar para “o nada”. Certo?
Há um ponto de corte neste meio, que é quando nascemos, esquecemos este possível “acordo’ e começamos a aprender e agregar informações que se encarregam de nos constituir como indivíduos (o tão famoso Ego) . Ocorre que quando estamos nos constituindo, vamos criando demandas de vida todas pautadas no desejo, seja de ter ou de ser.
São tantas informações, crenças, pré-conceitos, regras de convivência e hábitos que vamos adquirindo, que resultam em uma tendência natural para seguirmos a multidão. Em cada Era a multidão está caminhando para uma direção (claro, sempre para frente) e nós tendemos a nos deslocar juntamente com esta “manada”.
Alguns de nós, muito felizardos, acabam convivendo com certo tédio e descontentamento disto tudo e então se fazem as perguntas: Mas porque isto tudo? Porque eu preciso seguir o padrão de vida cartesiana média? Porque eu preciso almejar o padrão de sucesso? Porque preciso me destacar na multidão?
É aqui que percebemos que estamos indo!
Mas indo pra onde?
- Indo para o nada!
Indo para o nada, porque estamos perseguindo tudo como se não fôssemos nem tivéssemos nada, afinal como já dito, tendemos a pensar (de maneira inconsciente) que nascemos "do nada"! Quando derivamos do nada precisamos tentar conquistar, destacar, acumular e divulgar estas conquistas. Isto tudo é acumulação, inclusive o conhecimento pode se tornar uma forma de acumulação.
Mas se este é o mundo de hoje, estou aqui para que?
- Estou aqui para voltar!
Reflita comigo: Um filho da um abraço e um beijo gostoso em sua mãe e vai para a escola. Sua missão é estudar, agregar conhecimentos, eventualmente brincar quando for a hora. Porém quando a aula acaba, ele tem o aprendizado e sabe claramente que precisa voltar para a casa, certo? É simples, é exatamente isto.
Viemos aqui para viver esta experiência e voltar. Viemos aqui exatamente e tão somente para viver. Quando pautamos nossa vida cotidiana na esperança de voltar, e voltar melhor do que viemos a partir do nosso aprendizado, nossa vida toma outro sentido. Todo o rumo da multidão passa a ter sentido. Eu escolho e tomo decisões com mais sentido.
Quando vivemos plenamente para voltar melhores, passamos a viver com mais intensidade, a aproveitar cada minuto e cada oportunidade.
Quando vivemos para voltar nos sentimos mais aptos, conscientes e sensíveis o suficiente para sabermos qual foi o “acordo” que fizemos quando saímos de casa. Isto significa que nos tornamos conscientes o suficiente para sabermos qual nossa missão e nosso talento recebido ao sair.
Quando vivemos para voltar não queremos parar um minuto sequer. Não damos importância para nos destacar, porém acabamos automaticamente nos destacando. Não damos importância para conquistar, porém consequentemente conquistamos. Não damos importância para acumular, e efetivamente não acumulamos. Não damos importância para divulgar, porém fatalmente impactamos.
Olhe para um lado e para o outro e se pergunte:
O QUE ESTOU IMPACTANDO AGORA?
Garanto que fazer esta pergunta com toda a presença possível será como tirar dos olhos uma venda enorme, começar a enxergar e finalmente deixar de ir para começar a retornar.
Por: Valeria Effgen
Uma apaixonada por refletir sobre tudo, principalmente sobre a vida e os negócios de forma que gerem valor e significado. Além de refletir faço consultorias focadas em Plano de Negócio, Estratégia e Planejamento Financeiro.