O mar representa a maior vastidão conhecida no planeta Terra. Embora ele constitua mais de 70% da matéria terrestre ele é tímido em reinvindicar sua importância em todo este ecossistema.
Nos dá a base para a manutenção da vida, além do espetáculo de beleza sem igual que, muitas vezes, está guardado nos mais distantes recônditos que apenas fomos capazes de descobrir há poucos anos com o advento da tecnologia.
Mas além de toda a beleza e magnitude que o mar representa, demonstra e é sim si mesmo, ele nos apresenta a metáfora mais fantástica no que tange à unidade e a evolução.
Sempre olhamos o mar como uma coisa única, mas como tudo que está materializado nesta linda terra, tudo chega lá no átomo. O mar é composto de bilhões e bilhões de gotas de água e estas seriam as menores formas que somos capazes de ver a olho nu, então vamos falar delas.
O balanço do grande mar só existe porque
incontáveis bilhões de gotinhas fazem a sua parte.
O mar faz um balanço de forma que uma hora todas as gotinhas chegarão a beijar alguma praia, vão sentir a sensação de beijar a areia, vão sentir o toque e a fusão com a enseada, fazer contato com toda a vida que vive nas margens, sentir o impacto do estourar de uma onda e a explosão de oxigênio que receberá nesse momento praticamente mudando sua constituição permanecendo sua essência de gota de água.
Toda gotinha vai ter a sua hora do êxtase,
provocado pelo balanço contínuo do mar.
O curioso desta história é que o grande mar e seu balanço só existe porque existe a gotinha que faz individualmente o trabalho que faz com que este Todo seja possível para que ela, finalmente, possa experimentar a individualidade e as sensações às quais está destinada.
Todos têm a mesma missão e o mesmo destino,
não importa em qual direção sua parte do mar se encaminha.
Neste meio tempo, entre o aparecimento da gotinha, que nunca nasceu, mas sempre esteve ali, ela enfrenta toda sorte de situações que a permitirão evoluir e alcançar seu destino final.
Passa por mar profundo, no qual ela praticamente inexiste enquanto gota e é praticamente imóvel naquela imensidão de água. É tão imenso e, aparentemente, sem movimento que se aquela gotinha pensasse em sua existência separada cairia na maior depressão possível por pensar que estaria perdendo tempo ali enquanto outras estariam vivendo a alucinante experiencia da margem.
Passa também pelas áreas rochosas e talvez ali seja onde ale mais agrega informação e crescimento, além de se preparar para seu futuro glorioso. Nesta etapa das rochas chega a bater o desespero.
As rochas parecem desafios intransponíveis para a gotinha no mar, mas quando ela entende que faz parte de algo maior e simplesmente aceita o movimento e a vontade daquele todo, pouco a pouco vai escalando e transpondo aquelas pedras que antes pareciam tão gigantes.
Mas é quando o mar passa pela rocha
que faz um dos mais belos espetáculos.
A gota entende que as pedras não estão ali para atrapalhar seu caminho e passa a utilizar a dificuldade gerada para ampliar ainda mais sua compreensão e evolução.
À medida que vai transpondo as etapas rochosas e cheias de desafios, vai deixando também sua contribuição de informação para aquelas pedras, mudando sua estrutura, sua formação e contribuindo também com sua mudança.
Passa por recifes cheios de vida, se enche de alegria por ver tantas cores, peixes, espécies marinhas e cor, muita cor. Neste momento a gotinha se anima e percebe que contribui com aquilo tudo levando e trazendo o rico oxigênio para que esta linda vida possa se desenvolver também em outros lugares.
Aos poucos, nesta grande viagem ela passa a se dar conta e a ter a mais absoluta certeza, de que nunca foi uma simples gotinha, que faria parte de todo aquele ecossistema que é regido por uma força maior, que é a mistura de tantas forças atuando na mais perfeita harmonia.
Passa a entender que o tempo que ela demora em cada etapa da viagem é um tempo de aprendizado e de fortalecimento para que consiga reconhecer sua redenção quando chegar a hora.
Neste momento de percepção e iluminação ela consegue realizar o quando contribuiu com as outras gotas e com todas as outras criações que estiveram ou cruzaram seu caminho, consegue ver o quão rica foi esta interação, consegue realizar que nada do que parecia dificuldade realmente era, mas que era apenas um fortalecimento necessário. E neste momento ela consegue ver sua participação, que antes parecia ínfima, mas na verdade era absolutamente única e indispensável, neste oceano de absoluta afinação.
A participação de cada gota
do oceano é única e indispensável.
Seu contentamento em participar deste todo é tão grande que ela passa a não se importar mais com o sacode do movimento, com o tempo de demora e com todas as dificuldades encontradas.
Começa a ver as dificuldades como oportunidades
de evolução e passa a se alegrar com elas.
É então que, após realizar toda esta intenção em sua existência que a gotinha se percebe totalmente envolvida, fundida e tomada por esta grandeza. Sua alegria é contagiante, sua gratidão é embriagante e é, neste momento, que ela resolve olhar para a frente para contemplar isto tudo.
Percebe então que mais nada importava, que a gotinha cumpriu sua missão, que fez parte daquele marzão, que entendeu a importância da sua participação, soltou da necessidade de ser alguém sozinha.
A gota estava pronta. Então o mar a levou em uma onda para o tão sonhado beijo na areia da praia.