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Eu cresci com uma educação religiosa. As bases foram tão boas que eu consigo saber de cor algumas passagens da bíblia, mesmo me afastando totalmente de qualquer prática religiosa institucionalizada depois de adulta.
Uma das passagens que mais me lembro é a parábola dos talentos, na qual um senhor foi viajar e deixou aos seus servos uma quantidade diferente de talentos para cada um (como se fossem moedas daquela época).
Ele deixou cada servo livre para decidir o que fazer com os talentos recebidos e assim se sucedeu. Alguns utilizaram de forma a dobrar a quantidade, outros fizeram render um pouco e teve também aquele um que não fez nada, pois guardou seu talento com medo de perdê-lo.
Esta parábola sempre teve um significado muito grande na minha vida e, constantemente, me pergunto o que estamos fazendo com nossos talentos.
Não é coincidência nós chamarmos na linguagem moderna nossos dons de talentos, pois são, efetivamente, ganhados quando nascemos e mesmo aqueles desenvolvidos durante a vida estavam com sua sementinha plantada desde sempre, da mesma forma que aquele senhor, ao viajar, não explicou o motivo pelo qual deu uma quantidade específica para cada servo.
Não sabemos se ganhamos os talentos por merecimento, por sermos mais “gostados” ou por simplesmente termos sorte. O FATO É QUE GANHAMOS e que nem sempre fazemos bom uso deles.
Alguns de nós até faz um ótimo uso, mas a maioria para benefício próprio. Para provar para si mesmo e para o mundo sua capacidade, provar que pode e que consegue o que quer, ou seja, muitas vezes por vaidade.
Naquela história cada servo decidiu isoladamente o que fazer. Isto confere muito com a vida que vivemos e com a natureza do ser humano quando decidimos utilizar nossos dons por conta própria e da maneira mais isolada possível, na maioria das vezes.
O uso dos nossos dons de forma isolada gera uma competitividade desnecessária no mundo em função da inevitável comparação.
Da mesma maneira que aquele senhor, ao chegar, perguntou aos servos o que tinham feito com seus talentos, imagino que em algum momento teremos que prestar contas dos nossos. Vale lembrar que os talentos eram originalmente daquele senhor e não dos servos, ou seja, foram emprestados.
Se trazermos esta interpretação para nossa vida podemos entender que os talentos não são "nossos", mas foram emprestados ou dados a nós pela fonte criadora (Deus, ou como prefira chamar). Portanto é inevitável perguntar:
Como estamos usando nossos talentos?
Viemos a este mundo com determinados talentos, determinados dons ou aptidões, que nos foram dados pela fonte da criação. Todos os talentos são da mesma fonte. Todos os talentos completam uma totalidade, uma completude, um contexto maior, O Todo e todos os talentos são mais bem aproveitados se usados de maneira conjunta.
Talvez este seja o grande proposito de todos termos dons diferentes. O de juntar todos os dons e construir um todo completamente perfeito, sem sobra nem falta, sem má distribuição, sem buracos e sem sofrimento.
Se, ao receber aqueles talentos, os servos tivessem se juntado, feito um planejamento e executado bem, poderiam ter multiplicado sem número os talentos que o seu senhor os dera.
Entretanto escolheram usar cada um o seu individualmente, ao seu próprio gosto e, comparando entre si, tiveram resultados bons e ruins, ao passo que se tivessem juntado todos os talentos e entregue um resultado único ao patrão teriam brilhado. Não existiriam perdedores e somente haveria um resultado positivo no fim das contas.
Será que já não está na hora de percebermos isto?
Está na hora de percebermos que nossos talentos foram feitos para usarmos de maneira a equilibrar a balança da vida, para emprestarmos e gerarmos resultados para aqueles que receberam menos, para equalizar a convivência humana de forma que todos possam evoluir e o mundo possa ser um lugar melhor para as gerações futuras.
Enquanto houver competição não haverá uma evolução verdadeira. Enquanto se competir para produzir mais, tentar vender o que as pessoas não precisam e deixar de suprir o que realmente precisam, o mundo caminhará para uma desolação total.
Passamos a vida obedecendo regras que nos desgastam enquanto buscamos nos defender uns dos outros.
Isto só é necessário porque vivemos na lei do “cada um por si” e enquanto não for assim não haverá um “Deus por todos”. Quando estamos todos por todos é que surge a força que trará o equilíbrio e o bem viver que todos queremos.
Não se engane. No final das contas todos querem a mesma coisa, seja rico, pobre, independente da raça, gosto, cor... Todos querem a felicidade. Infelizmente corremos dela quando partimos para a competição, pois ela só é plenamente possível quando vivemos uma vida de colaboração e doação.
O que você vai responder quando o verdadeiro dono chegar e te perguntar: