Busquei ao Senhor e ele me respondeu

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Definitivamente, o salmista estava refletindo, meditando, romantizando, exaltando, exercitando a gratidão à Deus e à vida.


Busquei ao Senhor e ele me respondeu; livrou-me de todos os meus temores.
Salmo 34-4


Não devemos nos deixar levar pela ingenuidade de interpretar levando ao pé da letra.

Embora ele se refira a Deus como um ser externo e superior, não necessariamente está se referindo a um ser governante, mas sim ao ser in-criado (não criado), que sempre existiu, sempre existirá e é fonte de toda a vida.


Este mesmo Deus que, sendo não criado, era tudo que já existia em si mesmo, criou tudo a partir de si mesmo, quase como uma massa cósmica de auto modelagem.


Desta Auto modelagem criou tudo que existe, começando por todos os arquétipos (padrões e formas criacionais de manifestação), indo às galáxias, sistemas, planetas, até chegar em seus habitantes e nós.


Talvez sejamos a expressão de consciência mais parecida com o próprio Deus. Algo que já “cansamos” de ouvir e ler: “Que fomos criados à sua imagem e semelhança”.


Mas em que se manifesta esta semelhança com o criador?

Na minha visão em duas coisas:


1 – Nossa capacidade criativa:

Nós criamos nossa realidade individual, familiar, comunitária e planetária. Isto significa que o mundo em que vivemos é um reflexo do que nós pensamos, falamos, interpretamos, agimos, decidimos e vivenciamos.


2 – Na Centelha do Criador que vive em nós:

O Espírito é apenas Um. É único, indivisível e por isso é Onipotente, Onipresente, Onisciente.


Nós somos os meios pelos quais o Criador percebe e vivencia sua própria criação.


Você, eu, nós, Jesus e todos que já viveram, vivem e viverão, são Centelhas Divinas encapsuladas por um véu de esquecimento que é a personalidade humana. O ego.


Ganhamos esta cápsula para que pudéssemos vivenciar a criação, como parte do Criador que somos, tendo como presente a oportunidade do desconhecimento.


Sim, o desconhecimento é uma oportunidade de sermos inocentes, de contemplar, de sentir felicidade, alegria, ganhar complexidade consciencial e criar ainda mais, cada vez com maior complexidade e assim EVOLUIR o mundo junto com o mundo.


Deus se fez em partes para vivenciar sua própria criação.


É por isto que, ao frigir dos ovos e na visão deste Deus totalizado, nada importa. Nem sofrimento, dor, luta, alegria, ansiedade, felicidade, temor, tremor e nenhuma emoção individual, pois são apenas o fato de a Centelha individualizada estar sentindo, vivenciando e experimentando esta criação.


Estamos aqui para nos darmos conta disto e, decididamente, tomar nossa parte no todo, tomar nosso lugar na totalidade do universo.


Estamos aqui para buscar o Senhor, ouvir sua voz e nos livrarmos de todos os temores, pois em última instância, somos O próprio.


Quando o salmista diz que buscou o Senhor e a mágica aconteceu, certamente ele não estava falando de sair procurando algo olhando ao redor, ou seja, fora de si mesmo. Não. É aí que a maioria de nós se engana e acaba não encontrando nunca.


O verdadeiro encontro é com o Senhor interno. Pois, somos sim, apenas uma Centelha, uma Chispa deste Deus, mas ainda assim somos, em parte, este Deus.


Divida o mar em gotas e continuará tendo o mar. Cada gota contém todos os elementos químicos que são encontrados no mar inteiro.


Portanto quando o salmista diz que buscou ao Senhor e foi respondido. Ele estava falando que mergulhou a fundo internamente e o mundo se abriu para ele.


Mas entenda, não estamos falando de olhar para dentro e realizar o “autoconhecimento moderno”, este autoconhecimento faz com que o ego saia ainda mais forte do processo. Não é isto, definitivamente.


Estamos falando do autoconhecimento no qual é provocada a morte do ego e a rendição total à vontade deste Deus que vive em nós.


Este Deus interno está totalmente alinhado com a vontade do Todo. Do não criado, do Criador, afinal, ele criou e ainda cria tudo que conhecemos e tudo que ainda nem sonhamos conhecer.


Este Criador sabe, certamente, o que é melhor para nós e para o mundo, mesmo quando não parece ser para nossos sentidos humanos cheios de interpretações e opiniões.


Quando nos rendemos continuamos vivendo todas as situações cotidianas, mas sabemos que, guiados pela Centelha, podemos viver tudo sem medo. A dor não importa mais e, por não importar mais, ela enfraquece e deixa de existir.


Só sobra a vida, o amor, o propósito, o crescimento, a vontade do Todo, a vontade de Deus.


Então percebemos que esta vontade é refletida sem interferência alguma no espelho perfeito, que é a parte de Deus que vive dentro de nós.



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